Arquivo para fevereiro \26\America/Sao_Paulo 2012

26
fev
12

A crônica de Ademir Furtado: Literatura real

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Literatura real, por Ademir Furtado

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As relações entre literatura e realidade são tão antigas quanto a arte de narrar. Para uma corrente dos estudos literários influenciada pela poética clássica, o objeto privilegiado da literatura é a realidade. A literatura, portanto, seria uma imitação do mundo real. Depois, com o desenvolvimento dos estudos sobre a linguagem, o conceito de real foi questionado e denunciado como mera representação que depende do ponto de vista, uma construção retórica com muita influência da subjetividade. Entretanto, a desconfiança do status de real não destruiu de maneira definitiva alguns elementos fundamentais da arte literária, entre eles o personagem. E a menos que se trate de alguma experimentação bizarra, o personagem será sempre um ser humano.  O problema é que um ser humano não vive sozinho no planeta. Ele precisa de interação com outros da mesma espécie, o que resulta na existência de conflitos, outro elemento que nem as experiências mais extravagantes da literatura moderna conseguiram abolir. Acrescente-se que os conflitos se estabelecem porque as pessoas precisam agir para se manterem vivas. Então, existe um objeto que pode ser definido, sem nenhuma hesitação, como real: as ações humanas. Motivos e significações de uma atitude podem ser questionados, mas não há como duvidar do caráter real de uma ação ocorrida num determinado local e num momento do tempo. Já é um começo.

E aqui retornamos ao princípio de tudo. Aristóteles, na Poética, afirma que as ações humanas são o objeto privilegiado da narrativa, pois é pela ação, e não pelo caráter, que o indivíduo determina sua boa ou má sorte. Ora, uma ação humana sempre produz uma conseqüência, que gera um acontecimento, que vira história.

Tantas divagações com pretensão de filosofia surgiram com a leitura do livro Habitante irreal, de Paulo Scott. Obra publicada no final de 2011, já teve resenha no Caderno Cultura da Zero Hora, na revista Bravo, e foi matéria de capa do jornal Rascunho, só para citar os que eu li. Essa grande divulgação na imprensa já demonstrou o valor da obra e ressaltou suas principais características, o que me isenta de discorrer sobre detalhes da narrativa. Minha intenção é apenas assinalar um aspecto que, na minha opinião, constitui um dos maiores méritos do livro – não o único, com certeza.  O fato de abordar a história recente do Brasil. Não sei porquê, –  e isso é algo que merece uma investigação mais profunda, –  a literatura brasileira, e principalmente a do Rio Grande do Sul, não se ocupa muito da história atual do Brasil. Com a ressalva de que eu posso estar desatualizado, um caso raro nos últimos anos aqui nos pampas é o romance Quem faz gemer a terra, de Charles Kiefer, que a partir de um episódio policial ocorrido em Porto Alegre, mostrou sua visão do Movimento dos Sem Terra. No mais das vezes, a história só aparece na literatura como um passado distante, sem nenhuma ligação com o presente, um recorte isolado numa linha de tempo, esterilizado por convenções literárias, um passado sobre o qual é muito fácil se posicionar, pois já teve sua dimensão definida e consolidada pelo mundo acadêmico.

Nesse contexto, o livro de Paulo Scott aparece como uma provocação. Se é verdade que a arte re-apresenta a realidade, quantos brasileiros desiludidos com antigas utopias não encontram no Paulo-personagem o eco da própria decepção? E quantos não verão em Donato uma cópia da geração de jovens contemporâneos carentes de representação legal, abandonados por lideranças políticas de outrora, hoje tão ocupadas nas disputas de cargos e poder.

Há quem diga que a literatura possui um conhecimento próprio, que só ela consegue transmitir. E aqui voltamos mais uma vez a Aristóteles quando ele afirma que “nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância”. Talvez a realidade atual seja por demais complexa, cruel e cansativa para ser enfrentada sem temores. Por isso, a importância de escritores que, como alternativa ao mero entretenimento livresco, ousam abordar as trajetórias humanas assim como elas ocorrem na vida das pessoas reais do presente. A literatura assim é mais viva, mais real.

Ademir Furtado é autor do romance Se eu olhar para trás (Dublinense, 2011). Escreve no blog http://prosaredo.blogspot.com

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25
fev
12

13 de março começa na Palavraria Personagens de Clarice, seminário com Hilda Simões Lopes

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Cursos e Oficinas na Palavraria

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Personagens de Clarice

Seminário com Hilda Simões Lopes

 De 15 de março a 23 de agosto de 2012

Investimento mensal: R$ 120,00

Informações e inscrições na Palavraria: 51 3268 4260
Rua Vasco da Gama, 165 – Bom Fim – Porto Alegre
De segunda a sábado, das 11 às 21

Programa

Dia 15/03 – apresentação do curso
Aula: as relações humanas na literatura clariciana

Dia 29/03 – conversa s/ os personagens:
“Ana” e “a mulher do casaco marrom”
Aula: do amor.

Dia 12/04 – conversa s/ os personagens:
“prof. de matemática” e “ eu e Deus”
Aula: da culpa e do amor.

Dia 26/04 – conversa s/ os personagens:
“o menino míope” e “Catarina  e sua mãe”
Aula: relações de família

Dia 10/05 – conversa s/ os personagens:
“a menina e o livro” e “Ofélia”
Aula: do bem e do mal.

Dia 24/05 – conversa s/ os personagens:
“a menina fantasiada” e  “a mocinha de São Cristóvão”
Aula: das máscaras e do sublime

Dia 14/06 – conversa s/ os personagens:
“os obedientes” e  “a mulher e os 12 anos
Aula: dos papéis sociais: rigidez e rompimento

Dia 28/06 – conversa s/ os personagens:
“ a aniversariante”   e  “ mocinha”
Aula: dos velhos

Dia 12/07- conversa s/os personagens:
“menino a bico de pena”  e “menina com soluço”
Aula: das crianças.

Dia 26/07 – conversa s/ os personagens:
“o homem do restaurante” e “o almoço de sábado”.
Aula: dos ritos

Dia 09/08 – conversa s/ os personagens:
“Carla de Sousa Santos” e “Pequena Flor”
Aula: da antropofagia social

Dia 23/08 – conversa s/ os personagens:
“uma galinha”   e “ o ovo”
Aula: do ser.

Hilda Simões Lopes Costa. Nascida em Pelotas, é bacharel em Direito, mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília e professora universitária aposentada pela Universidade Federal de Pelotas. Fez duas oficinas de Criação Literária, uma com Luiz Antonio de Assis Brasil, em Porto Alegre e, a outra, no Centro Cultural de Las Americas, no México. Há 12 anos, ministra oficina de criação para jovens e escritores em Pelotas e, mais recentemente, em Porto Alegre.  Em 2009, foi patrona de Feira do Livro de Pelotas. Publicou dois livros de ensaios sociológicos: Do Abandono À DelinqüênciaSenhoras e Senhoritas, Gatas e Gatinhas. Contos e poesias em inúmeras coletâneas de autores gaúchos. E os livros: A Superfície das Águas, prêmio Açorianos de Literatura, 1998 pelo Instituto Estadual do Livro; Cuba, Casa de Boleros, conjunto de crônicas,  finalista prêmio açorianos, pela AGE; Um Silêncio Azul, AGE; o romance A Anatomia de Amanda, pela editora Juruá, de Curitiba, onde a autora analisa a obra ‘A Paixão Segundo GH’ de Clarice Lispector e  o livro didático Manual de Criação Literária, pela Baraúna, São Paulo.


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25
fev
12

10 de março, na Palavraria, inicia Oficina de literatura infantil, com Caio Riter.

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Cursos e Oficinas na Palavraria

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Oficina de Criação Literária: A literatura infantil

Com Caio Riter

De 10 de março a 25 de junho de 2012
(ver cronograma abaixo)

 

A oficina de criação literária de literatura infantil é uma oportunidade para pessoas que pretendam exercitar melhor a criação literária voltada às crianças, a partir da crença de que o conhecimento técnico-teórico, bem como a reflexão sobre textos literários, é de fundamental importância no aprimoramento artístico.

OBJETIVOS:

  1. desafiar, através de exercícios orientados, a criatividade para a produção textual;
  2. escrever histórias para crianças, exercendo potencialidades criativas e aplicando os conhecimentos discutidos e aprofundados;
  3. refletir sobre conhecimentos teóricos sobre a literatura infantil, bem como sua origem, seu desenvolvimento e evolução, em especial a literatura para crianças;
  4. analisar textos literários de autores consagrados, percebendo os recursos técnico-linguísticos presentes, bem como os efeitos causados por este no leitor;
  5. potencializar a criatividade, orientando-a, a partir de conhecimentos técnico-teóricos sobre a literatura para crianças, para a produção de textos artisticamente elaborados;
  6. analisar textos produzidos no decorrer da oficina, sugerindo, quando necessárias, alterações que visem a uma maior qualidade estética.

DINÂMICA:

  1. Reflexão sobre algum aspecto teórico relevante na construção textual,
  2. Leitura de texto consagrado, analisando-o a partir da reflexão anterior,
  3. Proposta de exercício de produção textual,
  4. Discussão sobre os resultados dos exercícios, apontando avanços e possibilidades de correção de rumo.
  5. Exercício para casa.

PROGRAMA:

1. Aspectos históricos da literatura para crianças;

2. Processo de assimetria e a adaptação;

3. Formas simples: contribuições e sua modernização;

4. Aspectos da construção literária para criança;

5. A literatura contemporânea para crianças;

6. Produção de textos literários;

7. Produção e leitura crítica, durante o curso, de um texto literário.

 

HORÁRIO:

A oficina ocorrerá nos sábados pela manhã, das 10h às 12h, na PALAVRARIA. Serão três sábados por mês.

CRONOGRAMA:

MARÇO: Dias 10, 17 e 31

ABRIL: Dias 14, 21 e 28

MAIO: Dias 05, 12 e 26

JUNHO: Dias 09, 16 e 30.

INVESTIMENTO: 120,00 mensais

RESTAM 03 VAGAS

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Caio Riter nasceu em 24/12/1962, em Porto Alegre/RS, onde mora. É professor, Mestre e Doutor em Literatura Brasileira, coordenador de Oficina Literária no SINTRAJUFE-RS. Em 1994, publicou seu primeiro livro, O palito Diferente (Editora Interpreta Vida). Recebeu vários prêmios, entre eles destacam-se: 1º Prêmio Barco a Vapor, Açorianos, Orígenes Lessa, Livro do Ano-AGES, além de ter obras selecionadas pelo PNBE, e para os catálogos White Ravens e Bolonha.

 

Site

www.caioriter.com

Blog

caioriter.blogspot.com

 

Informações e inscrições na Palavraria: 51 3268 4260
Rua Vasco da Gama, 165 – Bom Fim – Porto Alegre
De segunda a sexta, das 11 às 21h

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25
fev
12

Cartas à Palavraria, por Reginaldo Pujol Filho: abaixo os smurfs

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Abaixo os Smurfs, por Reginaldo Pujol Filho

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O lado bom de mandar cartas é que dá pra falar de coisas que aconteceram há mais tempo. Não o hoje, o nesse minuto. Em cartas, pelo menos do que eu lembro, se falava da semana, do mês passado, do ano passado. Pues, feita essa brilhante reflexão missivista, começo dizendo que existem muitos culpados por eu estar nesse momento em Portugal. Em primeiro lugar, empatados, claro, eu e a Jajá, que inventamos e abraçamos essa história. Mas, entre tantos que me empurraram pra cá, que me motivaram, é claro que aparece a Carla. Como não? Veja só, foi a Carla que, no longínquo ano de dois mil e internet discada, recomendou pra minha amiga Ana Marson que me desse de amigo secreto o livro Senhor Henri, do Gonçalo M. Tavares. Dizem, as duas, que a Carla teria dito que achava a minha cara. Não sei se pelas quantidades de absinto que o personagem bebe, mas, se não foi por isso, até hoje acho esse um dos melhores elogios que já recebi. Porque, pelo menos como leitor, sim, o Senhor Henri era e é a minha cara. Fiquei fissurado naquele livrinho por muito tempo e, quando vi, já tinha comprado Senhor Valéry, Senhor Brecht, tudo o que saía do Gonçalo M. Tavares e, bem, virei um fã incondicional do sujeito e dos seus livros a ponto de estar aqui, em Lisboa, a dois dias de começar a ter aulas com ele. Então, me parece lógico, que, se a Carla (via Ana), inoculou esse vírus em mim, tem sua parcela de culpa por minha estada lisboeta. No que lhe sou muito grato, Carla.

Mas, se há males que vem pro bem, há bens que vem pro mal?

É que, Carla, por causa desse vício de leitura que tu me ajudou e estimulou a desenvolver, como qualquer viciado hard, acabo fazendo bobagens. Coisas feias. Não, ainda não vendi controle remoto pra comprar livro – o que não seria má ideia se não passasse Simpsons na TV. Mas, um tempinho atrás, descobri por esses lados de cá do oceano que o Gonçalo não ia lançar um, mas dois livros. Numa tacada só. Short Movies, pela Caminho e Canções Mexicanas, pela Relógio d’Água. Me cocei todo. Fui na Pó dos Livros na semana prevista pro lançamento e não tinha ainda. Ia chegar. Fui em outras livrarias e nada. Pesquisei e descobri. Tinha acabado de chegar naquele sábado. Na FNAC.

Pois, senhores e senhoras, com Pó dos Livros, com Ler Devagar, com muitas outras livrarias bacanas a descobrir por aqui, fui parar num shopping, numa FNAC pra saciar minha vontade de comprar os livros no dia em que eles chegassem na loja. Numa FNAC. Nem precisa apresentar essa livraria (entre-aspas) pra ninguém aqui. Todo mundo sabe como é. É um BIG que, por acaso, em vez de costela minga, tá vendendo Gonçalo Tavares. E ainda era época próxima de Natal, com promoções mil não só de livros, mas de TV LCD, notebook, fone de ouvido. A vontade era de entrar, catar os Gonçalos e sair. Mas, pombas, já que tava no inferno, tinha que abraçar o diabo. Pelo menos, os caras têm muitos descontos, então é um pouco difícil de resistir a folhear uns livros em promoção, com preços convidativos, quem sabe fazer uma descoberta? Ah, tente fazer isso com umas quatro TVs divulgando o DVD dos Smurfs. Descobri que é impossível prestar atenção na primeira página de qualquer livro com a trilha sonora do menu do DVD dos Smurfs rolando em looping eterno. E o seguinte: não sei por que, mas essas TVs estavam estrategicamente posicionadas do lado das prateleiras de promoção. Sei lá, talvez fosse pra entrar na mente dos pais que procuravam livros, um compre-batom, compre-batom, compre-batom. Não sei. Enlouquecedor. Acabei descobrindo que eles até tem uma sala anti-smurf, uma sala de leitura, mas parece que o negócio dos caras não é mesmo ver gente lendo. É que a tal sala, que eu olhei rapidinho, era um meio termo entre uma sala de espera de dentista, e um fumódromo. Asséptico, impessoal, uns bancos ao longo da parede, nenhum sex ou read appeal. E aí que eu pensei: como esse tipo de coisa faz mal pro mundo dos livros, eu acho. Pensa bem:

Se a única vantagem que a FNAC e outras hiperultragigamegastore têm é preços imbatíveis, e, se isso a gente encontra na internet também, no conforto do lar-doce-lar e sem música dos Smurfs (a não ser que o cara curta a trilha dos Smurfs e ouça no computador), mas se é só isso que eles oferecem a nós, leitores, me pergunto, por que é que nós, leitores, vamos levantar a bunda da cadeira e ir tomar ombrada dos compradores de câmera digital, depilador elétrico e leite longa vida (entrou por engano na livraria achando que era o hipermercado)? Me parece que, quando se cria essa imagem sem graça, corrida, hora-do-rush do lugar onde se compra livro, ninguém vai ter mais prazer de ir nesse lugar. Praticidade por praticidade, fica-se em casa. E cria-se o hábito de comprar em casa. E não se entra mais em livrarias de bairro, como a Palavraria, a Pó dos Livros, a Bamboletras e deixa acontecer coisas como, além do livro que se quer comprar, folhear um desconhecido e descobrir um autor por acaso e conversar com um livreiro-de-carteirinha, ou um outro leitor mesmo, sobre esses e outros livros. Não. Fica-se em casa, digita na comparação de preços o livro, compra exatamente o livro e deixa a livraria da esquina ser comprada pela Igreja Universal.

Que que eu vou dizer?

Se o Gonçalo lançar mais um livro, espero um diazinho a mais pra comprar. Ou, abaixo os Smurfs.

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Reginaldo Pujol Filho, escritor portoalegrense, é um dos primeiros autores da Não Editora. Tem dois livros de contos publicados, Azar do Personagem e Quero ser Reginaldo Pujol Filho e é o organizador da antologia Desacordo ortográfico. Publicou contos em antologias como 101 Que Contam e Histórias de Quinta (organizadas por Charles Kiefer), 24 Letras Por Segundo (org. Rodrigo Rosp), no Janelas (projeto de cartazes literários dele com o amigo e poeta Everton Behenck) e no youtube. Mantem o blog Por causa dos elefantes.

17
fev
12

Palavraria informa: férias coletivas

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Férias coletivas:

A Palavraria estará fechada de 18 a 26 de fevereiro de 2012. Retomamos nossas atividades em 27 de fevereiro, segunda-feira, das 11 às 21h.

A direção

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17
fev
12

Vem aí, a partir de 10 de março, na Palavraria: Oficina de literatura infantil, com Caio Riter

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Cursos e Oficinas na Palavraria

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Oficina de Criação Literária: A literatura infantil

Com Caio Riter

De 10 de março a 25 de junho de 2012
(ver cronograma abaixo)

 

A oficina de criação literária de literatura infantil é uma oportunidade para pessoas que pretendam exercitar melhor a criação literária voltada às crianças, a partir da crença de que o conhecimento técnico-teórico, bem como a reflexão sobre textos literários, é de fundamental importância no aprimoramento artístico.

OBJETIVOS:

  1. desafiar, através de exercícios orientados, a criatividade para a produção textual;
  2. escrever histórias para crianças, exercendo potencialidades criativas e aplicando os conhecimentos discutidos e aprofundados;
  3. refletir sobre conhecimentos teóricos sobre a literatura infantil, bem como sua origem, seu desenvolvimento e evolução, em especial a literatura para crianças;
  4. analisar textos literários de autores consagrados, percebendo os recursos técnico-linguísticos presentes, bem como os efeitos causados por este no leitor;
  5. potencializar a criatividade, orientando-a, a partir de conhecimentos técnico-teóricos sobre a literatura para crianças, para a produção de textos artisticamente elaborados;
  6. analisar textos produzidos no decorrer da oficina, sugerindo, quando necessárias, alterações que visem a uma maior qualidade estética.

DINÂMICA:

  1. Reflexão sobre algum aspecto teórico relevante na construção textual,
  2. Leitura de texto consagrado, analisando-o a partir da reflexão anterior,
  3. Proposta de exercício de produção textual,
  4. Discussão sobre os resultados dos exercícios, apontando avanços e possibilidades de correção de rumo.
  5. Exercício para casa.

PROGRAMA:

1. Aspectos históricos da literatura para crianças;

2. Processo de assimetria e a adaptação;

3. Formas simples: contribuições e sua modernização;

4. Aspectos da construção literária para criança;

5. A literatura contemporânea para crianças;

6. Produção de textos literários;

7. Produção e leitura crítica, durante o curso, de um texto literário.

 

HORÁRIO:

A oficina ocorrerá nos sábados pela manhã, das 10h às 12h, na PALAVRARIA. Serão três sábados por mês.

CRONOGRAMA:

MARÇO: Dias 10, 17 e 31

ABRIL: Dias 14, 21 e 28

MAIO: Dias 05, 12 e 26

JUNHO: Dias 09, 16 e 30.

INVESTIMENTO: 120,00 mensais

VAGAS: A oficina atuará com, no máximo, 10 participantes.

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Caio Riter nasceu em 24/12/1962, em Porto Alegre/RS, onde mora. É professor, Mestre e Doutor em Literatura Brasileira, coordenador de Oficina Literária no SINTRAJUFE-RS. Em 1994, publicou seu primeiro livro, O palito Diferente (Editora Interpreta Vida). Recebeu vários prêmios, entre eles destacam-se: 1º Prêmio Barco a Vapor, Açorianos, Orígenes Lessa, Livro do Ano-AGES, além de ter obras selecionadas pelo PNBE, e para os catálogos White Ravens e Bolonha.

 

Site

www.caioriter.com

Blog

caioriter.blogspot.com

 

Obras de Caio Riter:

 

Infantis

Um Palito Diferente. Porto Alegre, Interpreta Vida, 1994. (esgotado)

A Menina que Virou Bruxa. Porto Alegre, Interpreta Vida, 1997. (esgotado)

Pra Lá e Pra Cá. 3ª ed. Porto Alegre, WS Editor, 1998.

O Tesouro Iluminado. 2ª ed. Porto Alegre, WS Editor, 1999.

Um Menino Qualquer. Porto Alegre, WS Editor, 2003. (esgotado)

O Fusquinha Cor-de-Rosa. 3ªed. São Paulo: Ed. Paulinas, 2005.

Eduarda na Barriga do Dragão. Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2006.

Um Reino Todo Quadrado. 2ªed. São Paulo, Paulinas, 2007.

Historinhas bem apaixonadas: O maior motivo do mundo. SãoPaulo, Escala Educacional, 2008.

Historinhas bem mentirosas: Mentira das brabas. São Paulo, Escala Educacional, 2008.

Historinhas bem asquerosas: O dia em que Alberto decidiu não mais tomar banho. São Paulo, Escala Educacional, 2008.

Historinhas bem medrosas: Uma noite de muitos medos. São Paulo, Escala Educacional, 2008.

Juvenis

Chico. 3ª ed. Porto Alegre, WS Editor, 2001.

A Cor das Coisas Findas. 3ª ed. Porto Alegre, WS Editor, 2003.

Atrás da Porta Azul. Porto Alegre, WS Editor, 2004.

Debaixo de Mau Tempo. Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2005.

Teiniaguá, a Princesa Moura Encantada. São Paulo, Scipione, 2006.

O Rapaz que Não Era de Liverpool. 3ªed. São Paulo, Edições SM, 2006.

O Menino do Portinari. São Paulo, Escala Educacional, 2006.

O Tempo das Surpresas. São Paulo, Edições SM, 2007.

Meu pai não mora mais aqui. São Paulo, Editora Biruta, 2008.

Viagem ao redor de Felipe. Porto Alegre, Editora Projeto, 2009.

Adaptações

O corcunda de Notre-Dame. São Paulo, Escala Educacional, 2009.

Contos

Teia de Silêncios. Porto Alegre, WS Editor, 1999. (esgotado)

A Dobra do Mundo. 2ªed. Porto Alegre, WS Editor, 2003.

Informações e inscrições na Palavraria: 51 3268 4260
Rua Vasco da Gama, 165 – Bom Fim – Porto Alegre
De segunda a sexta, das 11 às 21h

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15
fev
12

A prosa ligeira de Jaime Medeiros Jr.: Pequena nota desentranhada da leitura de Szlezak

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Pequena nota desentranhada da leitura de Szlezak, por Jaime Medeiros Jr.

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Recentemente topei com interessante passagem no livro Ler Platão de Thomas Szelezak comentando a crítica. Passagem que parece deixar claro o quão saudável, mesmo quando demolidora, pode ser a crítica, em alguns casos, mesmo que paradoxalmente, pode vir a fortalecer uma obra. Szelezak cita o caso de Homero que sofreu a crítica dos melhores dos pré-socráticos. Heráclito queria bani-lo dos festivais. Xenófanes zombeteiramente arguia que fossem os bois erguer imagens dos deuses e delas fariam bois. Os deuses homéricos eram demasiadamente homens.

Poderiam os gregos, já a esse tempo, pôr no lixo a Ilíada e a Odisséia? Parece que Homero já havia sido  instituído, era o mestre de uma civilização, os gregos vinham beber sabedorias nele, os filhos dos melhores aprendiam grego com ele. Como dizer, então, que ele nada mais valia?

Os gregos optaram por ler novamente Homero. E disto criaram formas de interpretação alegóricas de sua obra. Homero não dizia necessariamente o que queria dizer, a sabedoria precisava ser desentranhada do poema por novos aparatos interpretativos. O que, de um modo paradoxal, tornou Homero ainda mais importante.

E talvez aqui pudéssemos lembrar Propp ou Campbell, que afirmam que uma narrativa, ou a jornada do herói só poderão se realizar com a aparição de um antagonista. Uma obra literária parece muitas vezes também só alcançar seu destino através de uma fricção com inóspito território da crítica. O que poderá lhe obrigar a se conduzir por novos caminhos, cuidando de forjar novas leituras, mais convincentes para as novas mentalidades.

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Jaime Medeiros Jr. é poeta portoalegrense (1964), pediatra. Autor do livro de poemas Na ante-sala. Mantém os blogs Tênues Considerações e O Arco da Lira

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09
fev
12

Palavraria indica: Palestra sobre o livro América Messiânica. As guerras dos neoconservadores, na Aliança Francesa.

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Nesta sexta, 10, 19h30: Palestra sobre o livro América Messiânica. As guerras dos neoconservadores, na Aliança Francesa. Com um dos autores – Daniel Vernet e os tradutores, Anne-Françoise Straggiotti Silva e Oswaldo de Lima e Silva.

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Na Aliança Francesa nesta sexta-feira, 10, às 19h30.

Rua Dr. Timóteo, 752 – Telef. 3222 6070 – Moinhos de Vento

 

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Autor e tradutores do livro conversam sobre a Europa atual e sobre o livro, que fala do fundamentalismo americano, nem tão conhecido quanto o fundamentalismo islâmico.

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Eles são “conservadores” mas não como os outros. Nem nostálgicos dos tempos passados nem partidários do status quo, os neoconservadores constituem uma família à parte da direita americana. Provindos, muitos deles, da esquerda, acreditam no poder das ideias e da política para mudar o mundo. Não sacralizam o mercado, mas guardam um olhar crítico sobre o Estado- providência e suas fraquezas. Convencidos que a América encarna o Bem, pensam que ela garantirá sua segurança e permanecerá fiel à sua missão moral, somente exportando a democracia, se necessário pela força. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, adquiriram uma influência determinante sobre a política de George W. Bush e pesaram na sua decisão de fazer guerra no Iraque. Este livro conta as origens de uma “tribo” nascida em Nova York nos meios da esquerda democrata, traça o retrato dos mestres que os ensinaram a pensar e mostrar como os “neos” formam com os fundamentalistas cristãos uma corrente dominante na América de hoje.

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Daniel Vernet foi correspondente do jornal “Le Monde” na Alemanha, em Moscou e em Londres, antes de ser diretor de redação e diretor de relações internacionais desse periódico. É autor de vários livros, além de coordenar a página Boulevard Extérieur – www.boulevard-exterieur.com/.

Editora: Doravante

Autores: ALAIN FRACHON & DANIEL VERNET

Número de páginas: 179

 

O livro encontra-se à venda na Palavraria, de R$ 29,00, por R$ 20,00

Palavraria – Livros & Cafés: Vasco da Gama, 165 – Tel. 32684260

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01
fev
12

A prosa ligeira de Jaime Medeiros Jr.: Da disjunção à conjunção

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Da disjunção à conjunção, por Jaime Medeiros Júnior

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Como iniciar este texto? Apenas um segundo atrás, tinha pensado começar mais ou menos assim: perguntas sempre haveremos de tê-las! Já no instante seguinte discordei de mim. O certo é que volta e meia acabamos por nos pôr nos mesmos bretes.

Umberto Eco, em recente entrevista à revista Época, diz que a internet só serve àquele que já é detentor de conhecimento, e, portanto, sabe onde quer ir. Quem tudo desconhece não sabe procurar, e, portanto, vai ter em qualquer parte.

Isso me faz lembrar Calvino, o reformador, para quem a salvação não tinha parte alguma com a fé, ou sequer com o amor e suas obras, mas unicamente com a vontade do senhor. Deus já escolheu os justos e estes hão de ser salvos.

A universidade, sugere Eco, talvez devesse se ocupar de desenhar os filtros necessários para que aquilo que se tenha apreendido da internet possa ser transformado em conhecimento. Aqui, creio, cabe outra pergunta: existe algum mecanismo de uso universal e de fácil manejo que seja capaz de dar forma ao informe?

Platão parece ter entendido que não temos nenhum método seguro para atingirmos o conhecimento, senão, talvez, através do confronto com a aporia. Primeira das armas a se usar para nos livrarmos daquelas certezas que são não mais do que falsos conhecimentos. Somente Eros, o filho de aporia, é filósofo, ou, dito de outro modo, a aporia é mãe da filosofia. Do que talvez pudéssemos depreender que só após termos caído em aporia,  e tendo assim nos posto no mesmo estado tenso das cordas do arco, é que conseguiremos produzir novo disparo de nossa seta em direção a um novo saber, ou, tensos como as cordas da lira, quando poderemos produzir uma nova harmonia.

Lutero, de modo diferente de Calvino, acreditava que as virtudes teologais – fé, amor e esperança – poderiam ser um bom meio de atingirmos a salvação. A salvação para um cristão se daria através de sua fé em Jesus Cristo. Entendia Jesus Cristo como um modelo a ser imitado ativamente. O mesmo modelo, Cristo, também foi entendido em um modo contemplativo, como por exemplo, na Imitação de Cristo, de Thomas Kempis.

Creio, por isso – já que em algum momento temos de chegar à parte interpretativa deste nosso texto –  não por acaso Eco reproduz a dança do homem no ocidente, dança constante, que se produz no espaço entre as duas colunas do templo. A coluna do rigor, que perenemente nos condena a nós mesmos, e a coluna da graça que perenemente nos liberta. A cruz de Cristo é a transfiguração da aporia em mistério, que entende que estamos ali naquele ponto central de suprema tensão, entre as forças que nos querem fiéis ao alto e aquelas que nos querem próximas do mundo, e que nos constrangem a tentar envolvê-lo num abraço amoroso. Aqui passamos da disjunção a conjunção dos contrários. Lutero, talvez no seu maior comentário ao evangelho, por medo de que incorrêssemos em idolatria, arrancou o Cristo a morrer da cruz, e colocou uma cruz preta, ali, no centro de uma rosa branca, outros comentadores vieram, e colocaram uma rosa vermelha, bem ali no ponto central da cruz, o de máxima tensão, como um signo da vida que está sempre a florescer em toda e qualquer parte. E aqui talvez valha ainda lembrar Diotima, uma mulher, que lá naquela Grécia que hoje subpomos empedernidamente masculina, já esclarecia Sócrates, o qual nos faz o seguinte relato: O que então lhe disse foi mais ou menos o que Agatão acabou de afirmar: Eros é um deus amante das coisas belas. Ela contestou minha proposição ponto por ponto, como fiz neste momento com a dele, para mostrar que, de acordo com o meu próprio argumento, ele não podia ser belo nem bom. Nesta altura, lhe falei: “Como assim, Diotima! Nesse caso, Eros é feio e mau?”

E ela: “Não blasfemes! Pensas, porventura, que o que não é belo terá de ser necessariamente feio?”

“Sem dúvida.”

“E quem não for sábio, será ignorante? Não percebeste que há algo intermediário entre a sabedoria e a ignorância!”

“Que poderá ser?”

Neste ponto, Platão parece afirmar Eros como a eterna presença de um terceiro na cena universal do embate dos opostos. Aqui invito, a quem interessar possa, deixar de ler as considerações desse cuidador de criancinhas, para tomar a grande nau que é o Banquete. Pois, já no parágrafo seguinte, Diotima há de esclarecer Sócrates. Sem mais, por hoje, e até a próxima.

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Jaime Medeiros Jr. é poeta portoalegrense (1964), pediatra. Autor do livro de poemas Na ante-sala. Mantém os blogs Tênues Considerações e O Arco da Lira

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