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28, segunda, 19h30: Clube de Leitura – debate sobre a obra Jacob, o mentiroso, de Jurek Becker, com a mediação de Luiza Silva (Cia. das Letras).
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Lançado em 1969, Jakob, o mentiroso é tido como uma das obras-primas da literatura sobre o Holocausto. No Brasil, o romance foi publicado primeiro em 1987 e aqui é apresentado em nova tradução.
O narrador é um dos únicos sobreviventes que sabem a verdade sobre Jakob Heym, um homem que se tornou herói por acaso. E foi também o acaso que preservou a vida do narrador: pelas dimensões do extermínio, pelas proporções aterradoras do Holocausto, seria mais provável que não tivesse sobrado ninguém para contar a história. Mas sobrou – e alguém que padeceu com Jakob todo tipo de aflições num gueto judeu na Polônia, durante a Segunda Guerra.
O que fez Jakob, afinal? Mentiu: forjou notícias sobre a aproximação do Exército Vermelho, os possíveis redentores. Jakob suscita uma reviravolta surpreendente no gueto. Depois de suas mentiras, nada continua igual. Mas ele é um mentiroso contrariado, sem dotes imaginativos, sem brilho; seu repertório linguístico é limitado, suas palavras são escassas, custa-lhe urdir uma mentira qualquer. E Jakob, além disso, não se caracteriza propriamente por um temperamento destemido. Sua resistência à barbárie passa longe de todo heroísmo. As mentiras que divulga nascem da piedade; nunca resultam de um pensamento bem articulado. E, no entanto, suas minguadas palavras são esperadas e ouvidas com avidez pelos habitantes do gueto – todos indefesos, acuados pela banalidade do mal. As palavras, arma impalpável, são como o pão que falta a essa gente esfaimada, e um grama delas, como diz Jakob, já lhe basta para fabricar uma tonelada de esperança. Jakob, o mentiroso poderia ser um romance lúgubre. Jurek Becker, ao narrar a vida e a morte no gueto, presentifica as crueldades cometidas, as humilhações, as expectativas, o absurdo de uma situação em que seguir vivendo já equivale a um ato de heroísmo. Mas seu olhar é distanciado, livre de condescendências e de sentimentalismo. E seu tom é moldado por um admirável bom humor. O tratamento literário de que ele reveste as atrocidades do Holocausto é, enfim, lapidar.
Jurek Becker. Nascido em Lodz, na Polônia, passou a infância num gueto. Morou em Berlim Oriental até fins de 1976, quando foi expulso do Partido Comunista e exilou-se em Berlim Ocidental, onde morreu em 1997. Seu romance Jakob, o mentiroso deu origem a dois filmes, o primeiro rodado na Alemanha Oriental e o segundo, de 1999, nos Estados Unidos (Um sinal de esperança, com Robin Williams no papel de Jakob).
Luiza Silva, nascida em 15 de outubro, sempre lendo escrevendo muitas palavras, desde Porto Alegre, no RS. Participou de algumas antologias de contos.
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Clube de Leitura Penguim/Companhia das Letras – Palavraria
Inscrições gratuitas
O Clube de leitura reúne, preferencialmente na primeira segunda-feira de cada mês, pessoas interessadas em ler e trocar idéias sobre obras da literatura clássica e contemporânea.
A primeira reunião foi em novembro de 2012, e discutiu o livro Terra Sonâmbula, de Mia Couto. Já foram enfocados Se um viajante numa noite de inverno (Italo Calvino) e Caixa preta (Amoz Oz).
Em cada reunião os participantes escolhem as obras a serem discutidas nos próximos encontros e os respectivos mediadores, que serão sempre alternados. O próximo livro a ser debatido, no dia 4 de março, será Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera, com a mediação de Hilda Simões Lopes.
Os participantes do Clube de Leitura terão um desconto de 10%, ao adquirirem na Palavraria os livros destinados à discussão.
Informações e inscrições na Palavraria
Rua Vasco da Gama, 165 – 51 3268 4260 – de segunda à sexta das 11 às 21h
ou pelo email palavraria@palavraria.com.br.
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