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08
jan
16

Vem aí, a partir de 19 de janeiro de 2016: Quem Está Falando? Laboratório intensivo de exercícios, leitura e discussão para criar narradores – Curso com Reginaldo Pujol Filho

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cursos de verão 2016

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Quem Está Falando?
Laboratório intensivo de exercícios, leitura e discussão para criar narradores

Curso com Reginaldo Pujol Filho

curso reginaldo janeiro

 

Depois de Curitiba e Rio de Janeiro, vai rolar de novo em  Porto Alegre, dias 19, 20, 26 e 27 de janeiro de 2016, uma nova edição do Quem está falando? Um laboratório intensivo de exercícios, leitura e discussão para criar narradores com personalidade para seus textos. Quer saber como funciona isso? Te explico aqui embaixo.

O que é esse negócio de criar narrador com personalidade?

Tenho uma notícia: não é você quem conta as suas histórias. É o seu narrador, ou melhor, os seus narradores. Cada conto, novela ou romance que você escreve pode ter um narrador específico, com personalidade própria, com ideias, limitações e peculiaridades. E isso pode enriquecer suas narrativas, criando estranhamento e linguagem para o que você escreve.

Tá, mas e como é que funciona isso?

É simples: serão 4 encontros (cada um é um módulo) cheios de leituras, exercícios e discussão da produção da turma. Tudo para testar, brincar e aprofundar o trabalho de criação de vozes e olhares para quem conta a sua história, se apoiando na turma dessa foto aqui:

Posso saber mais desses módulos?

Pode sim:

1º MÓDULO: PRAZER, EU SOU O NARRADOR >> Leituras, discussões e alguns exercícios para termos uma noção comum sobre quem é essa figura: o narrador.

2º MÓDULO: AH, SÃO SÓ OS SEUS OLHOS >> Onde é que o narrador se meteu para contar essa história? Será que ele viu mesmo? Ou ouviu falar? Narrar também pode ser uma questão de ponto de vista.

3º MÓDULO: VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO? >> Sem essa de público alvo. Mas já parou pra pensar que seu narrador pode ter um interlocutor? Então vamos parar pra pensar nisso.

4º MÓDULO: EU ESCUTO VOZES NA MINHA CABEÇA >> Ei, você também escuta muitas vozes. E pode criar outras. E roubar. E tudo isso pode transformar completamente uma história.

E quanto é, quantas vagas, como é a inscrição?

O curso custa R$ 280,00 e tem 12 vagas.

Pra fazer sua inscrição, é bem simples: é só passar na Palavraria (onde o curso vai rolar) e acertar a tua participação. O pagamento pode ser feito em duas vezes no cartão. Pode pedir mais informações ligando para a Palavraria no 51 32684260.

Reginaldo Pujol Filho, escritor portoalegrense, é autor dos livros de contos Azar do Personagem (2007) e Quero ser Reginaldo Pujol Filho (2010), ambos pela Não Editora e do romance Só faltou o título (2015), pela Editora Record. Atualmente cursa o doutorado em Escrita Criativa na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

 

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16
mar
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Aconteceu na Palavraria, neste sábado, 16/03, lançamento do livro Escritas, leitores e história da leitura

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aconteceu

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Neste sábado, 16, Lançamento do livro Escritas, leitores e história da leitura, com apresentação de Cristina Rosa, Jane Felipe e Suyan Ferreira. Fotos do evento.

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11
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Vai rolar na Palavraria, neste sábado, 16/03: Lançamento do livro Escritas, leitores e história da leitura, organizado por Cristina Rosa

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16, sábado, 18h: Lançamento do livro Escritas, leitores e história da leitura, organizado por Cristina Rosa. Apresentação do livro pela organizadora, por Jane Felipe e Suyan Ferreira (Editora da Universidade Federal de Pelotas)

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O livro Escritas, leitores e história da leitura reúne dez ensaios de professoras/es pesquisadoras/es de diversas áreas e regiões do país preocupadas/os com o tema da leitura e da escrita, tema esse bastante recorrente em várias publicações, mas cada vez mais importante, premente e atual. Os textos, cada um a sua maneira, dialogam com todos aqueles que também se inquietam com as questões educacionais do nosso país e com a formação de leitores.

A organizadora da obra, Cristina Rosa falará do seu artigo “Infância sem literatura: não em casa, na escola menos…” que discute o papel dos/as formadores/as de professores/as, com base em uma pesquisa desenvolvida com professoras alfabetizadoras do município de Pelotas (RS), que teve por objetivo conhecer os momentos de leitura realizadas em sala de aula e de que forma isto se dava. O estudo conseguiu mapear não só se as professoras liam, mas também o que era lido, quais os autores e títulos mais lidos, com que frequência e como elas descreviam os eventos de leitura.  Jane Felipe e Suyan Ferreira, no artigo “O Amor na Literatura Infantil: Uma Questão de Gênero?”, analisam como as relações amorosas são apresentadas ao público infantil. Com base na obra “Como mamãe e papai se apaixonaram” e sob a perspectiva teórica dos Estudos Culturais e das Relações de Gênero, as autoras examinam quais são e de que maneira certas identidades são legitimadas e reforçadas. As análises efetuadas apontam, a partir das imagens e do texto escrito, alguns eixos recorrentes que tratam da idealização do amor romântico, que se configuraria como um estado de plenitude, capaz de superar problemas e dificuldades. Além disso, o casamento também aparece como o ápice de uma relação amorosa. Outros temas, tais como a finitude das relações amorosas e a possibilidade de se estar feliz solteiro/sozinho também fazem parte dessas reflexões.

 

OLYMPUS DIGITAL CAMERACristina Rosa é professora da FaE/UFPel. Pedagoga, mestre (UFSM) e doutora em Educação (UFRGS). Possui pós-doutorado pela UFMG. Pesquisadora líder do Grupo Escritas, leitores e história da leitura (CNPq). Atua na formação de professores/as leitores/as, trabalhando com as disciplinas de literatura infantil, alfabetização e letramento e metodologias de alfabetização.

jane felipeJane Felipe é professora de graduação e pós-graduação da FACED/UFRGS. Psicóloga (UFRJ), Mestre (UFF/RJ) e doutora em Educação (UFRGS). Possui pós-doutorado pela Universidad de Barcelona. Integrante do GEERGE – Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero – e do GEIN – Grupo de Estudos em Educação Infantil e Infâncias. Atua principalmente com os temas gênero, sexualidade, infâncias e educação infantil.

Suyan 2Suyan Ferreira é professora de graduação e pós-graduação da FAPA. Pedagoga (PUC/RS), mestre e doutora em Educação (UFRGS).  Atua também nos anos iniciais, tendo vasta experiência no campo da Educação Infantil. Pesquisa gênero, sexualidade, infâncias, literatura infantil, amor romântico.  Trabalha com as disciplinas de Educação e CulturaConcepções Educacionais Contemporâneas, dentre outras.

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30
nov
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Vai rolar na Palavraria, nesta segunda, 05/12: Clube de Leitura

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05, segunda, 19h: Clube de Leitura: Se um viajante numa noite de inverno, de Italo Calvino. Mediação de Jaime Medeiros Júnior.

O Clube de leitura visa reunir, na primeira segunda-feira de cada mês, pessoas interessadas em ler e trocar idéias sobre obras da literatura clássica e contemporânea.

A segunda reunião, que será no dia 3 de dezembro de 2012, terá como foco de discussão o livro Se um viajante numa noite de inverno, de Italo Calvino (disponível na Palavraria). Em cada reunião os participantes escolhem as obras a serem discutidas nos próximos encontros e os respectivos mediadores, que serão sempre alternados.

Os participantes do Clube de Leitura terão um desconto de 10%, ao adquirirem na Palavraria os livros destinados à discussão.

Se um viajante numa noite de inverno – sinopse:

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Nesse romance, Calvino consegue uma proeza notável: unir o prazer voraz da leitura às tortuosas questões da vanguarda literária. No centro de sua preocupação está um tema que os teóricos chamam de “crise da representação”, ou seja, no mundo capitalista contemporâneo, dividido, múltiplo, alienado, não teriam mais lugar os romances tradicionais, com princípio, meio e fim, que constroem personagens e organizam o mundo, dando um sentido às coisas. O leitor de hoje estaria condenado ou à leitura espinhosa de obras que se debruçam sobre si mesmas e procuram desesperadamente uma saída para a literatura, ou à superficialidade descartável das obras de simples entretenimento. Calvino “socorre” esse leitor que é inquieto e exigente mas que gostaria que os autores escrevessem livros “como uma macieira faz maçãs”. Para isso, faz do próprio leitor seu personagem principal, cuja grande missão é ler romances. E tal como você, leitor(a), ele entra numa livraria e compra este livro: Se um viajante numa noite de inverno. É aí que começa a história.
Prêmio Jabuti 1993 de Melhor Produção Editorial de Obra em Coleção

italo calvinoItalo Calvino. Nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, em 1923, tendo ido logo a seguir para a Itália. Participou da resistência ao fascismo durante a guerra e foi membro do Partido Comunista até 1956. Em 1946 instalou-se em Turim, onde doutorou-se com uma tese sobre Joseph Conrad. Publicou sua primeira obra, Il sentiero dei nidi di ragno, em 1947. Com O visconde partido ao meio, lançado em 1952, o autor abandonou o neo-realismo dos primeiros livros e começou a explorar a fábula e o fantástico, elementos que marcariam profundamente a sua obra. Nos anos 60 e 70 aprofundou suas experiências formais em livros como As cidades invisíveis e Se um viajante numa noite de inverno. Considerado um dos maiores escritores europeus deste século, morreu em 1985.

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jaime medeiros júniorJaime Medeiros Jr (1964). Médico pediatra. Escritor portoalegrense. Publicou Na ante-sala (poemas, 2008) e Retrato de um tempo à meia-luz (crônicas, Modelo de Nuvem, 2012). Publica no seu blog Simples Hermenáutica.

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10
nov
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A crônica de Clarice Müller: Da Feira ao baião

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Da Feira ao baião, por Clarice Müller

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Verão é rua, definitivamente. Só mesmo o calor pra botar feira no lugar de cinema, livro no lugar de teclado. Mais aquelas bolachas todas se amontoando enquanto seu chope não vem. Normal, algo tem que compensar a canícula que sói ser inclemente por aqui e em Moscou (aquecimento global é chapéu que cabe em todos, sorry). Fiquemos nas delícias, porém, para não antecipar notícias que podem, ou não, ser fatais ao planeta segundo os incas ou maias, não sei qual deles tinha o calendário mais certinho, só sei que com eles a coisa não funcionou, tanto que estão extintos há um tempão enquanto nós seguimos aqui, não muito belos nem muito faceiros, porém ajudando a extinguir quem mais precise de uma mãozinha nesse sentido, êba!

Coisas boas então: Marcelino Freire ensinando o povo a soltar a língua numa oficina pra lá de boa na CCMQ, dois dias de conversa com o sujeito e se aprende a lidar com a palavra como gente grande, esse pernambucano é arretado demais! Outra pernambucana linda e talentosa aportou por aqui e dá os ares de sua poesia de um jeito que deixa todo mundo enamorado: Luna Vitrolira, que deu baile na Palavraria em noite de contos de Noll e Ivo Bender (coisa mais boa, gente!) e outro tanto na CCMQ ao meio-dia, pro povo do almoço se nutrir de outras coisas além de churrasco e sagu. Não bastasse isso, outros tantos a encontrar na Feira do Livro, debatendo, autografando, passeando, essas coisas que escritor se mete a fazer quando tá de bobeira. Bom pra atualizar a agenda que nem te conto. Até o pôr do sol mais lindo do mundo peguei de lambuja.  Na seqüência de tanto povo e literatura, nada como uma boa frescura, então toca pro shopping ver se o 007 continua com aquele corpinho que abalou Paris, promessa cumprida, thanks god!, o cara se puxa, salta, atira, esconde, bate, fode, bebe e corre que dá gosto; podia ter mais sexo e martini, mas parece que não é mais politicamente correto o Bond, James Bond, comer todas e sair matando, então fazer o que, a gente tem que obedecer os tempos modernos, não tem? O mulherio que aprecia homem pelado, porém, não precisa lamentar, que nas telas da cidade ainda tem outra chance: Magic Mike, com o Matthew McConaughey e o Channing Tatum interpretando strippers, sabe o que é isso? E depois dizem que o Papai Noel não existe!

Bom, mas pra não parecer que sou uma tarada full time, vou chegar ao X do cinema nacional: Gonzaga – de pai pra filho. Belíssimo filme! A história do difícil relacionamento entre Gonzaga pai e Gonzaga filho é muito bem contada por um elenco excelente, com destaque pro Julio Andrade, que assombra no papel de Gonzaguinha, parece encarnação, cruzes! O filme me prendeu e emocionou do princípio ao fim, ainda mais com as músicas de ambos perpassando tudo, um prazer enorme voltar a ouvi-los, arrepiei todinha. A turma dos cinéfilos talvez não aprecie muito porque a história tem princípio-meio-fim, é totalmente compreensível e, pior, emociona mesmo, além de não apresentar cortes fotográficos inusitados, mas o Breno Silveira está desenvolvendo uma cinematografia de qualidade e fora daquele binômio cidade-favela-bandidagem que já me encheu o saco.  Recomendo vivamente. Coisa boa é pra já.

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Clarice Müller é natural de Porto Alegre, onde já trabalhou como atriz, bancária, servidora pública e escritora quando a inspiração permite. Participou das oficinas de criação literária de Charles Kiefer e Luis Augusto Fischer e publicou, em conjunto com o também escritor Cláudio Santana, o livro de narrativas curtas VEROVERBO. Atualmente auxilia o amigo Fernando Ramos na coordenação da FestiPoa Literária e outros projetos afins. Ocasionalmente escreve no blog http://verbovero.blogspot.com.br/

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05
nov
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A crônica de Emir Ross: Ler

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Ler, por Emir Ross

Parei de ler. Aderi à moda das Brasileirinhas. Desisti dos livros. Dedico avidamente meus neurônios a filmes sem história.

Ninguém gosta de histórias. A multidão quer as entranhas, o gozo, os acidentes, o Big Brother.

Eu sou a multidão. Vendi meus livros à quilo na Voluntários. Guardei alguns para usar na lareira. O inverno em Porto Alegre tem alguns dias frios.

Parei de ler. Ganhei espaço na estante. Pretendo comprar coisas bonitas para colocar no lugar.

A multidão não tem tempo. Livros são demorados. Os filmes das Brasileirinhas duram doze minutos. Igual ao livro do Paulo Coelho. Ou seriam onze? Ainda não descobri se a gente leva esse tempo para lê-lo ou para desistir. Parei de ler. Mas talvez eu ainda leia esse livro do Paulo Coelho.

Dedico avidamente meus neurônios a filmes sem história. Tenho transado mais. Não ler me faz conversar melhor em baladas. Na verdade, ninguém escuta o que se fala nas baladas. Mas as tenho freqüentado. Desisti também dos shows cover de Bob Dylan, Pink Floyd e Jethro Tull nas quintas. Ninguém transa depois desses shows. Mas a multidão transa antes, durante e depois dos filmes das Brasileirinhas e das baladas.

Eu sou a multidão. Parei de ler.

Ganhei dinheiro com a venda de meus quilos de livros. Comprei a cerveja que desce redondo. Agora falta comprar uma coisa bonita para colocar na estante.

Uma coisa moderna.

Virei moderno. Vou a baladas. Nesses lugares não é preciso conversar.

Aderi à moda das Brasileirinhas e vou comprar uma coisa da moda para minha estante.

Parei de ler. Vou andar na moda. Mesmo que isso me faça andar em círculos ou ficar eternamente tentando morder meu próprio rabo. Parei de ler. Em breve, vou parar de escrever.

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Emir Ross é publicitário e escritor e mora em Porto Alegre. Tem participação em 9 antologias de contos e recebeu mais de 20 prêmios literários. Entre eles, o Felippe d’Oliveira em Santa Maria (3 vezes), o Escriba de Piracicaba (2 vezes), o Luiz Vilela de Minas Gerais (2 vezes), o José Cândido de Carvalho do Rio de Janeiro (2 vezes), o Prêmio Araçatuba, entre outros. Escreve no blog milkyway.

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Emir Ross publica quinzenalmente neste blog.

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27
out
12

A crônica de Clarice Müller: Ler é bom

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Ler é bom, por Clarice Müller

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Ler é bom. Ler é tri. Ler é demais. Demais mesmo. Em qualquer sentido que se entenda. E, ao contrário do que se pensa, a web não veio atrapalhar hábitos de leitura, veio é incrementar o processo com doses razoáveis de dispersão e nonsense. A quantidade de contos, crônicas, links, podcasts, vídeos, artigos e textos jornalísticos, artísticos, literários, políticos, espirituais, do raio que o parta que são espargidos sobre nós diariamente é espantosa. Tudo sob forte recomendação, ressalte-se. Produz-se tanto nestes tempos, que o ler quase não abre tempo para o fazer, então a leitura diagonal, de vesgueio, passou a ser a regra, vez que não basta ler, é preciso também curtir, comentar ou compartilhar, coisas que por sua vez provocam novas reações que demandam mais atenção e assim a coisa vai, vai e vai, não me pergunte pra onde. Mas, por isso mesmo, tem horas em que bate uma vontade imperiosa de trocar a banda larga pela bunda larga no sofá, um alentado livro nas mãos para mergulhar, com toda calma, em outros universos, siderais ou existenciais. Segundas-feiras chuvosas são ótimas para isso. Qualquer dia chuvoso é ótimo para isso. O mais difícil é escolher a coisa certa pra entrar de chofre.

Se você estiver cansado da multiplicidade de tudo (múltiplo passou a ser adjetivo saidinho, se deu pra perceber) e preferir adentrar num universo já conhecido, a literatura policial não te deixa na mão. Quem faz carreira no ramo é porque já criou um detetive-policial-investigador com características bem marcantes, num cenário bem definido e todo um jogo de relações familiares e profissionais que fazem com que o dito se torne uma pessoa da casa, por assim dizer. Quando você pega um livro da P. D. James, por exemplo, sabe de antemão que vai encontrar o inspetor-superintendente Adam Dalgliesh fazendo uso de sua inteligência e sensibilidade de poeta (sim, ele é poeta e dos bons) para desvendar os crimes que ocorrem entre jardins e escarpas britânicos, esfera de atuação da Scotland Yard, sempre auxiliado por uma equipe que você também já conhece, de modo que pode auxiliar o inspetor no que for preciso, coisa que o bom leitor tem o dever de fazer. O mesmo se aplica aos livros que envolvem o delegado Guido Brunetti em Veneza, cujo traçado já se tornou familiar para mim, como se lá tivesse estado; Salvo Montalbano, que me diverte dividindo seu tempo entre a busca por criminosos e por tascas onde comer as melhores sardinhas, personagem por sua vez inspirado em Pepe Carvalho, que Vásquez-Montalbán criou para exibir dotes culinários refinadíssimos enquanto desvenda de crimes passionais a políticos, ao contrário do inspetor Maigret, que soluciona mistérios tomando doses impressionantes de calvados desde as primeiras horas do dia, enquanto que Kurt Wallander se esquece de fazer uma coisa e outra mesmo quando a Suécia enregela seus ossos e Botsuana aquece a corpulenta e doce Preciosa Ramotswe, a primeira detetive daquele recanto africano.

Todos esses mundos chegam a mim por meio da leitura paciente, atenta, que nenhuma web me dá, por melhor que seja. Isso quando chove. Nos outros dias, o universo se multiplica mais ainda e expande suas forças sobre o fazer estético, quando então me permito comentários inúteis como este que acabo de escrever para que alguém, em algum lugar, possa ler, curtir, comentar, compartilhar e, de preferência, não deletar. Bom apetite!

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Clarice Müller é natural de Porto Alegre, onde já trabalhou como atriz, bancária, servidora pública e escritora quando a inspiração permite. Participou das oficinas de criação literária de Charles Kiefer e Luis Augusto Fischer e publicou, em conjunto com o também escritor Cláudio Santana, o livro de narrativas curtas VEROVERBO. Atualmente auxilia o amigo Fernando Ramos na coordenação da FestiPoa Literária e outros projetos afins. Ocasionalmente escreve no blog http://verbovero.blogspot.com.br/

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26
out
12

Vai rolar na Palavraria, neste sábado, 27/10: Bianca Obino convida Ana Santos

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27, sábado, 19h: Bianca Obino convida Ana Santos

Bianca Obino vem ganhando destaque na cena gaúcha há 3 anos com o projeto “Bianca Obino Convida”, dirigido por Felipe Azevedo, numa série de espetáculos seus no formato violão e voz, sempre ao lado de outro artista convidado. Em Março deste ano foi agraciada com a Comenda Lobo da Costa, oferecida pela Sociedade Partenon de Literatura aos artistas destaque na área cultural do RS em 2011. É bacharel em Canto Lírico pela UFRGS. Agrega ao seu currículo diversos cursos, workshops e masterclasses de aperfeiçoamento em cidades do Brasil, Itália e Estados Unidos. Está em pré-produção do seu primeiro CD.

Ana Santos, natural de Porto Alegre, estudou Jornalismo na UFRGS e cursou a Oficina de Criação Literária da PUCRS. Também participou de duas oficinas de escrita criativa na Universidade do Colorado, e tem contos publicados em antologias e nas revistas Bravo!, Cult e Ficções. Publicou O que faltava ao peixe, contos, pela Libretos em 2011.

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10
out
12

Vem aí: Clube de Leitura na Palavraria

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Clube de Leitura Penguim/Companhia das Letras – Palavraria

Inscrições gratuitas

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O Clube de leitura visa reunir, na primeira segunda-feira de cada mês, pessoas interessadas em ler e trocar idéias informalmente sobre obras clássicas e contemporâneas da literatura.

A primeira reunião, no dia 5 de novembro de 2012, terá como foco de discussão o livro Terra Sonâmbula, de Mia Couto (já disponível na Palavraria). A partir daí, em cada reunião os participantes escolherão as obras a serem discutidas nos próximos encontros e os respectivos mediadores, que serão sempre alternados.

Os participantes do Clube de Leitura terão um desconto de 10%, ao adquirirem na Palavraria os livros destinados à discussão.

Informações e inscrições na Palavraria
Rua Vasco da Gama, 165 – 51 3268 4260 – de segunda à sexta das 11 às 21h
ou pelo email palavraria@palavraria.com.br.

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Terra sonâmbula – sinopse:

Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992.

O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os “cadernos de Kindzu”, o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga, e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra.

Terra Sonâmbula – considerado por júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX e agora reeditado no Brasil pela Companhia das Letras – é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Couto se vale também de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.

Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Jornalista, poeta, cronista, ficcionista, é considerado um dos principais escritores africanos da atualidade. Em muitas das suas obras, tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007, o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.

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19
ago
12

A crônica de Gabriela Silva: Um pouco de paciência

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Um pouco de paciência, por Gabriela Silva

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Certa vez trabalhei numa pesquisa sobre Machado de Assis, era minha tarefa (um bocado prazerosa) ler as crônicas produzidas por ele. Num destes textos encontrei a seguinte frase: “a paciência é um biscoito dado pelos deuses.” Não contesto essa frase. Dizem os budistas que a paciência é cultivável. Não contesto também.

A palavra paciência vem do latim “patientĭa, ae” com o significado de “capacidade de suportar, constância; submissão, servilismo; faculdade de resistir, derivado do verbo patĭor, ĕris, passus sum, pati “sofrer” – informações essas retiradas do Houaiss.

Bem, a paciência é uma virtude. Inerente ou adquirida. Aliada à sabedoria, torna-nos seres melhores. O questionamento é: o que é ser melhor? Considero uma boa resposta: saber posicionar-se entre bem e o mal, entre as virtudes e as incapacidades, entre o não e o sim. Equilíbrio é um bom sentido para “ser melhor”. A caridade e a justiça nem sempre precisam estar conjugadas a um trabalho social. A caridade pode ser também a gentileza e a solidariedade. A justiça pede que prestemos atenção a tudo que nos cerca e então poderemos fazer uso dela.

É fato que a paciência nos exige o exercício cotidiano de aprender. Então você se pergunta: aprender o quê? E eu respondo: aprender a observar, a “sacar” o mundo e as pessoas.

Então eu me lembro de algumas das personagens criadas por Salinger que são tomadas pela mais sublime paciência, como Seymour, ou ainda Holden Caulfield. São personagens que observam o mundo, tranqüilas, e decidem a longo prazo o que vão fazer. Isso sempre me fascinou em Holden, protagonista de O apanhador no campo de centeio (do original The catcher in the rye). Chamado de “o livro que criou uma geração”, a narrativa é sobre um garoto que depois de rodar em quase todas as disciplinas na escola está voltando pra casa. E então é que entra a minha questão sobre paciência: Holden pensa sobre sua vida, sobre as coisas que quer e que não consegue fazer, sobre a sua relação com o mundo e com as coisas. Não um símbolo de rebeldia, mas de observação, de método, de paciência.

Lembro que conseguir esse livro foi para mim um exercício de paciência. Eu o queria há bastante tempo, um dia descobri que minha irmã o tinha na sua estante. Eu que não havia percebido. Mas não me bastava ler aquele ali, ele tinha de ser meu. E eu não podia apenas pegá-lo para mim, tinha que ser um negócio limpo. Achei na minha estante um livro que ela queria: O senhor embaixador de Erico Veríssimo. Foi um bom negócio. Depois do Apanhador, eu comprei todos os outros do Salinger. Nunca mais deixei de ler suas histórias, nunca mais consegui não pensar durante horas antes de resolver um assunto. A paciência é, sim, cultivável.

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Gabriela Silva tem literatura no seu dna. Desde a infância convive com homens e deuses e as histórias que lhe contam. É formada em Letras, estuda o mal e a morte na literatura e todas as teorias conspiratórias e literárias. É doutoranda em Teoria da Literatura na PUCRS, tendo como foco a construção da personagem. Entre outras atividades, coordena atualmente o grupo que organiza e apresenta mensalmente o Sarau das 6, programa de leituras e comentários literários, na Palavraria.

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