09
set
11

A quase crônica de Nelson Safi: Eu também queria ser

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Eu também queria ser, por Nelson Safi

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Alguém poderia alegar, e não sem um pouco de razão, que minha opinião é um pouco suspeita, já que falarei do livro de um amigo. Mas fazer o quê? Fingir que não o conheço, dizer que não li? Pelo contrário, li e gostei muito do Quero ser Reginaldo Pujol Filho (Não Editora, 2010). Talvez devesse simplesmente dizer: eu também quero ser Reginaldo Pujol Filho. Só que estaria roubando a frase do Marcelino Freire, que “orelhou” o livro. Mas seria uma boa síntese, isso é verdade.

Pois bem, e o que fez o Reginaldo? Escreveu dez contos, cada um homenageando um escritor que ele gosta, ou que o influenciou (acredito que ambos). Claro que, em se tratando do Reginaldo, não é um texto lugar-comum e, óbvio, o humor está presente (digo isso porque, para muitos, para ser um bom texto tem que ser um dramalhão; o Reginaldo é um dos que provam que este conceito é ridículo).

Não tenho dúvida que o leitor, se já tiver lido um texto ou mais dos escritores homenageados, vai saborear muito melhor a leitura. E, se deixou de ler algum, acredito que também vá querer conhecer o original. A lista segue esta ordem: Miguel de Cervantes, Luigi Pirandello, Rubem Fonseca, Luis Fernando Verissimo, Italo Calvino, Amílcar Bettega Barbosa, Machado de Assis, Gonçalo M. Carvalho, Mia Couto e Altair Martins. Em suma, só gente boa. Alguns contos gostei mais do que de outros, mas isso porque sinto o mesmo em relação aos autores; cada um terá os seus preferidos.

Gostaria de falar um pouco de cada um dos contos, mas bom mesmo é ler todos (se eu tentar explicar corro o risco de tirar a graça). Só não vou perder o gostinho de dar uma palhinha. Para isso, escolhi o início do conto Quero ser Machado de Assis:

Desocupado leitor, a história é a seguinte, quer dizer, não, me perdoe. Não leve a mal o adjetivo desocupado da linha acima, não era exatamente no sentido, digamos, de vagabundo que eu queria falar. Era mais algo como, perceba, você, mas como posso explicar, observe, trata-se de estilo, compreende? Descontrair de uma forma contemporânea com quem está do outro lado, mas longe, longe, deveras longe deste narrador, porventura ofender você. Melhor começarmos assim:

Ocupado leitor – sim, admito, ocupado não chega a elogio, to­davia não ofende -, mas, ocupado leitor, precisamos correr, visto que as delongas acima já atrasam o andar da história e, afinal, é para ler histórias que o amigo tem um livro nas mãos.

Pois acelerarei…

Além deste livro, o Reginaldo lançou, em 2007, seu primeiro livro de contos, Azar do personagem, e em 2009 organizou a ótima antologia Desacordo Ortográfico (ambos pela Não Editora)

Serviço:
Título: Quero ser Reginaldo Pujol Filho
Autor: Reginaldo Pujol Filho
Editora: Não Editora
Ano: 2010

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Abraço,

Nelson Safi

Nelson Safi. Nasceu em Porto Alegre faz tempo. Iniciou na literatura em 2002 ingressando na Oficina de Contos de Charles Kiefer. Ganhou uns prêmios por aí. Em 2004 lançou seu primeiro livro de contos (por enquanto o único), Balas de coco e outras histórias amargas, e ainda participou da antologia 101 que contam, organizada por Charles Kiefer. Em 2005 participou das antologias brevíssimos! e Histórias de quinta, organização de Charles Kiefer. Em 2006 participou das antologias Contos do novo milênio, editada pelo IEL – Instituto Estadual do Livro, e 103 que contam, ambas organizadas por Charles Kiefer

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Nelson Safi publica no blog da Palavraria na segunda sexta-feira do mês.


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